#EleNão, delação de Palocci e “antipetismo”: como Bolsonaro se fortaleceu na reta final de campanha

A poucos dias das eleições que vão eleger o novo presidente da República, o cenário político segue conturbado. Na semana que antecede a votação dos brasileiros, a delação de Palocci, manifestações contra e a favor de Bolsonaro e debate político na principal emissora de TV do país dão o tom da reta final da corrida ao Planalto.

Jair Bolsonaro (PSL)

No fim de semana, em diversos pontos do país, manifestações de apoio e repúdio ao candidato do PSL tomaram contas das ruas. Com o slogan “#EleNão”, o movimento liderado principalmente por mulheres e outros grupos sociais foi às ruas para criticar o discurso do militar reformado. Apesar da mobilização nas principais capitais do país, as últimas pesquisas divulgadas pelo Ibope e DataFolha apontam crescimento de Jair Bolsonaro.

Analisando esse cenário às vésperas do primeiro turno, o sociólogo e cientista político Antônio Lavareda avalia que a polarização foi benéfica ao candidato do PSL. Apesar da manifestação contrária, inclusive nas redes socais, Lavareda ressalta que o debate em torno apenas de um dos concorrentes favoreceu Bolsonaro.

“Isso terminou sendo positivo para o candidato por quê? Porque agregou a ele um percentual razoável, 3 pontos em um instituo, quatro nos outro, agregando alguns milhões de eleitores que cogitavam votar nele apenas no segundo turno. Mas essa polarização estabelecida antecipou a decisão desses eleitores.”

Com o crescimento nas pesquisas e a estagnação de Haddad, o especialista acredita que Jair Bolsonaro tem condições de se eleger já no primeiro turno. Além disso, a campanha do Partido dos Trabalhadores sofreu um duro golpe com a divulgação de mais um trecho da delação de Antônio Palocci, ministro nos governos de Lula e Dilma. Na visão de Lavareda, a decisão do juiz Sergio Moro de tornar pública as declarações do “italiano” respinga sobre Fernando Haddad.

“Eu acho que essa consequência já ocorreu, ou pelo menos parte substancial dela. Provavelmente foi devido a repercussão desses trechos divulgados que são os responsáveis, ou o principal fator responsável, pela interrupção da trajetória de crescimento do candidato petista Fernando Haddad e até da oscilação negativa que ele apresentou em algumas pesquisas.”

O cientista político também destaca que a divulgação desse novo trecho ajudou a consolidar ainda mais o sentimento de “antipetismo”, mais um ponto que beneficia Jair Bolsonaro. Antonio Lavareda acredita ainda que o debate que será realizado na TV Globo nesta quinta-feira (4) não deve ter grande impacto na corrida presidencial, uma vez que o candidato líder nas pesquisas já anunciou que não vai comparecer ao encontro.

Reportagem, Raphael Costa

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